O exame de fundo de olho somente se tornou possível com a invenção do oftalmoscópio há 153 anos por Helmholtz e se constitui no principal elo entre a oftalmologia e os demais ramos da medicina.
A possibilidade de observar no fundo de olho, de uma maneira simples e com suficiente aumento, as arteríolas, vênulas e capilares, que são algumas das estruturas terminais do sistema circulatório, examinando-as diretamente no ser vivo, reveste-se de grande importância não somente para o oftalmologista, mas também para o clínico geral, para os internistas, para o endocrinologista, o neurologista, o neurocirurgião, o pediatra e o ginecologista, visto que as alterações encontradas a este nível permitem tirar conclusões relativas ao comportamento dos vasos sangüíneos em outros órgãos e sistemas.
Vale o mesmo para a interpretação do aspecto oftalmoscópico do nervo óptico, pois se trata de uma porção exteriorizada do sistema nervoso. É de suma importância conhecer as alterações que aí podem ser observadas, pois elas podem ser importantes sinais de localização, orientando o diagnóstico e o tratamento.
O resultado da fundoscopia sempre deve ser completado pela anamnese detalhada e pela avaliação cuidadosa dos demais sintomas e sinais. Hipertensão arterial, diabetes, pré-eclâmpsia, estado comatoso de causa desconhecida, doença convulsiva, suspeita de tumor ou abscesso cerebral, traumatismo craniano são algumas das condições sistêmicas em que o exame de fundo de olho pode ser decisivo.