Muitas são as doenças oculares que tiram do homem o sublime prazer da visão. A cegueira congênita é aquela em que a pessoa já nasce cega, não teve o prazer de sentir a maravilhosa sensação de ver o mundo, e, portanto, se adapta menos penosamente a esta condição.
Depressão grande, caro leitor, se vê mesmo é naquelas pessoas que antes eram completamente normais, olhos sadios, e se vêem agora em um novo mundo, num mundo escuro, freqüentemente sequer distinguindo se é noite ou dia.
São muitas as doenças que conduzem à cegueira. Abordaremos neste capítulo, duas: CATARATA e GLAUCOMA, as quais estão entre as principais causas de cegueira no nosso País. O que estas doenças têm em comum?
– Ambas têm oito letras, ocorrem nos olhos, são freqüentes, aumentam a incidência após os 40 anos de idade e levam à cegueira. No mais são doenças completamente diferentes.
Catarata
A CATARATA é a opacidade do cristalino (uma lente que temos dentro do olho e que no seu normal é transparente). A catarata pode ser congênita (a criança já nasce com ela); traumática (ocorre após acidente nos olhos); patológica (ocorre como complicação de doenças sistêmicas, como diabetes); e, senil (ocorre nas pessoas idosas, é a forma mais comum). A catarata vai embaçando a visão e pode evoluir até a cegueira. Esta é totalmente recuperável com a cirurgia (facectomia). No momento da cirurgia implantamos uma lente intra-ocular (no lugar do antigo cristalino) e nos dias seguintes, mesmo sem usar óculos, o paciente já está enxergando. Caso não se implante a lente no ato da cirurgia para voltar a ver bem o paciente precisa usar óculos ou lentes de contato.
Glaucoma
O GLAUCOMA é uma doença ocular que se caracteriza pela elevação da pressão dentro do olho acima de 20 milímetros de mercúrio (pressão normal varia de 8 a 18 mmHg). Esta pressão elevada comprime a cabeça do nervo óptico levando como conseqüência à perda do campo visual.
O glaucoma pode ser congênito (neste caso a criança nasce com o olho aumentado de tamanho, acinzentado e não tolera a claridade) ou se adquire durante a juventude ou após os quarenta anos de idade (tipo mais freqüente). Pode se manifestar de uma forma aguda ou crônica. No glaucoma agudo o olho se torna vermelho e doloroso e a perda da visão é rápida. Já no glaucoma crônico simples (forma mais freqüente) o olho é claro, indolor e a perda da visão é lenta (levando em média sete anos para conduzir à cegueira).
O tratamento do glaucoma (à base de colírios ou cirurgias) visa reduzir a pressão intra-ocular a seus valores normais, e assim evitar que o paciente evolua para a cegueira, pois, em chegando a este estágio nada mais poderá ser feito para lhe restituir a visão, em nenhum lugar do mundo.
Uma pessoa com glaucoma é candidata à cegueira, portanto, deve ser acompanhada por médico oftalmologista durante toda a sua vida (retornos de 6 em 6 meses). O tratamento é preventivo, procura evitar a evolução para a cegueira e não lhe devolve a visão perdida. O contrário se dá na catarata, onde normalmente se consegue o completo restabelecimento da visão após a operação bem sucedida.
Concluindo, gostaríamos de lhe informar que no Brasil temos aproximadamente um milhão de cegos. Milhares de casos poderiam ter sido evitados. Contribua para que este número não aumente ainda mais.
Dr. Levi Torres Madeira
Médico oftalmologista e membro titular
do Conselho Brasileiro de Oftalmologia